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Il Gattopardo de Luchino Visconti

5 fev

O drama histórico-romântico “Gattopardo, Il” ocorre no ano de 1963 na Sicília, é dirigido por Luchino Visconti, que reeditou o filme por ser muito longo. Mostra o começo da guerra de unificação italiana. Neste período a burguesia ascende ao poder e há declínio de uma importante família na aristocracia italiana, a do príncipe. Possui um elenco composto por Burt Lancaster, Alain Delon, Cláudia Cardinale, Paolo Stoppa, Rina Morelli, Serge Reggiana, Romolo Valli, entre outros importantes atores.


O filme começa com a união da família no salão, mostrando a forte religiosidade a aristocracia, que contava constantemente com o apoio de um organista da igreja, Dom Ciccio, assim como o pudor que a princesa tinha perante o príncipe, ao fazer sinal da cruz antes de deitar-se com ele. Recém chegadas as tropas de Giuseppe Garibaldi à Sicília para a guerra, em que os rebeldes pretendiam acabar com a aristocracia rural, que obtinham muitos privilégios. A partir daí, o príncipe de Fabrizio Salinas refugia-se com sua família e seu sobrinho Tancredi adere às tropas de Garibaldi. O príncipe começa a notar que a unificação era certa, e que a burguesia estava ascendendo e que sua condição estava em declínio. Para reverter essa situação, seu sobrinho tenta manter a casta social por meio de uma união com um líder burguês que surgira, Dom Calogero, através do casamento com sua filha Angélica, era a própria representação da mudança, de novos tempos. Essa união representava a conciliação da aristocracia decadente com a burguesia.


O drama também gira em torno do choque de consciência de Dom Fabrizio, quando este percebe que já não é mais jovial, que o tempo passa tanto para a aristocracia quanto a ele, e que é preciso dar lugar ao novo, ainda que a morte seja a única maneira de fazê-lo. De maneira sucinta, o filme mostra que é necessário abrir-se ao novo, pela figura de Angélica, pelas suas vestes claras que chamavam atenção para si, assim como o príncipe de Salina riu de Dom Calogero, pelas suas vestes, notando depois que todos se vestiam da mesma forma. A presença da burguesia nos jantares também é um fator de mudança, assim como a postura desses contrapondo com a aristocracia, as gargalhadas de Angélica à mesa, quando de costume deve-se manter uma postura “em respeito” às demais pessoas.

Ao preferir Angélica à Concetta, a atitude de Tancredi demonstra que a aristocracia já não era tão prestigiada, e que a burguesia ganhava um importante papel na sociedade. Na cena do baile, em que Dom Fabrizio dança com Angélica, em que ele recusa a dançar uma música mais agitada, mostra que ele toma consciência de que está ficando pra trás, ficando velho, representado também quando fita fixamente o quadro e ao cair uma lágrima em seu rosto quando esse se olha no espelho, contrapondo com o início do filme, em que seu semblante é de um homem galanteador, que será sempre jovem.

Segundo Régis Trigo, “O Leopardo” é o filme mais pessoal de Luchino Visconti, aquele em que o diretor expõe o principal dos seus temas: o da decadência. E que o filme foi a melhor atuação de Lancaster no cinema.
Para Carlos Augusto Brandão, o filme se destaca em sua filmografia por se tratar de uma obra esteticamente bem realizada, valorizada pela excelente direção de arte, pelos ótimos desempenhos dos atores principais e pela perfeita trilha sonora dirigida por Nino Rota.

A famosa frase “É preciso que as coisas mudem de lugar para que permaneçam onde estão”, por mais que sintetize à perfeição o sentimento que se depreende do desenrolar da História no filme, jamais consegue dar conta da ambigüidade com que o príncipe Salina observa seu próprio mundo aristocrático em decomposição e o nascimento de um outro mundo, que ele repudia, mas entende ser o único capaz de algum vigor no futuro, segundo Ruy Gardnier.